quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Saudação do adeus


Derrida nos fala que a relação com o amigo é sempre um cogito do adeus, um cumprimento sem retorno. Desde a primeira saudação, temos a certeza de que um dos dois morrerá e o outro deverá recordá-lo em um diálogo que continua no super vivente. Cada vez e singularmente, a morte não é nada menos que um fim do mundo. Ao que fica, lhe toca a tremenda responsabilidade de levar o mundo do outro, um universo singular e único. Agora interiorizado como mais um conteúdo da sua existência, parte do seu si mesmo.
O sobrevivente está só, em um mundo fora e privado do mundo daquele que outrora fora um mundo particular. Para Derrida a vida é um diálogo com fantasmas e a morte do outro confirma a nossa própria condição fantasmagórica e de comunidade. Comunidade dos amigos, comunidade dos mortais...
Claudia Martins

Cegos


Lancemos nossa mão inútil ao nada...
Descarreguemos o tambor das nossas falhas para com a humanidade.
Que nossas armas possam nos servir de consolo por nada termos feito por alguém.
Aos vencedores, a glória!
A quem se isenta de culpa mesmo tendo, o putrefato odor da indiferença.
Perdedores da miséria somos esses que não enxergamos
mesmo que nada obscureça nossa visão.
Por que não vemos?
Quantos somos esses vermes?
É simples assim caminhar na doce alegria de nenhum compromisso com o próximo.
Caminhemos então pisando cabeças, acreditando pisar o paraíso.

Roze