domingo, 29 de novembro de 2009

Filosofar - O delírio do pensamento


Filosofia, poderíamos defini-la como o espaço, por excelência e direito, do amor e da paixão, entretanto essa designação seria por demais rotineira, apesar de bela. Assim definiremos a filosofia como o delírio do pensamento. O ser quando mergulha nas idéias é tomado de uma experiência avassaladora, imponderável, única e de uma urgência tal que arriscaria dizer que somente a partir dela se faz mais ser.
Quando o ente é arrancado de sua banalidade, da primordial bestialidade que veste o gênero humano e é impulsionado pela força do pensamento, ele difere-se da massa, do rebanho, ele faz filosofia. Diferentemente dos outros, esse ente produz idéias, conceitos, interrogações, desta forma tira o pensamento de um estado de passividade e lança-o a um torvelinho inesgotável. Portanto o filosofar é um exercício constante , interminável e transformador.
Doses filosóficas, overdoses de pensamentos, injeções de idéias são os remédios para nosso tempo tão líquido, tão fluido. Hoje, não mais do que sempre, o homo sapiens precisa da filosofia, de seu olhar singular sobre as coisas, sobre o mundo e principalmente sobre si e o outro. Daí a sua urgência, afinal o homem se faz com e pelo pensamento ou através do delírio desse.

Claudia Carla Martins

sábado, 28 de novembro de 2009

Significado



Eu briguei com Deus. Briguei, e sem remorsos. Minha revolta maior para causar a confusão que se deu, foi o fato de eu não aceitar só nomes. Sempre quis significados. Eventualmente um caso ou outro de falta de significado da “coisa” me causava infinito desejo de não me sustentar mais como “ser”. E assim se deu. Assim será sempre que isto em mim, que chamam de espírito, alma ou... Briguei também. Não entendo o significado desse inimigo.
O confronto, travado no escuro do meu quarto e da minha mente, se deu num momento de insônia profunda. Aquela hora que não se dorme porque os seus fantasmas são muito maiores do que os de todos aqueles que não voltaram da morte ainda.
Fantasmas. Insônia. Medo. Breu. Mente fechada para a vida. Olhos abertos para todos os pesadelos.
Então Ele chegou. Entrou de mansinho no meu quarto escuro, na minha insônia, nos meus fantasmas, no meu medo todo. Mas não na minha mente. Mente fechada para a vida.
“Eu não quero mais você”, me ouvi sussurrando com a certeza de que Ele me era “ouvidos”. O silêncio se fez na minha voz. Um sorriso foi extraído dos lábios cansados de Deus. “O universo jamais me entenderia”, pensei. “Nem eu. Nem Ele.”
O que fizera? A quem ofendera? Por que chegara à condição de réu?
“Não consigo caminhar com o fardo do seu nome sobre meus ombros. Morra em mim, porque o que fui um dia já não rasteja mais por esse corpo tardio.”
Longo e doloroso silêncio...
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De repente um barulho sem som nenhum. E tudo continuou tão calado como antes. Mas no meio do nada que eu era, ouvi algo sussurrado tão próximo ao meu ouvido, que parecia estar dentro da minha mente (ainda) fechada:
“Que bom! Assim sigo melhor. Eu também nunca quis você.”
E fez-se luz, finalmente...
Roze

A Vida e o Tempo - Viviane Mosé


acho que a vida anda passando a mão em mim
a vida anda passando a mão em mim
acho que a vida anda passando
a vida anda passando
acho que a vida anda
a vida anda em mim
acho que há vida em mim
a vida em mim anda passando
acho que a vida anda passando a mão em mim


e por falar em sexo quem anda me comendo
é o tempo
na verdade faz tempo mas eu escondia
porque ele me pegava à força e por trás

um dia resolvi encará-lo de frente e disse: tempo
se você tem que me comer
que seja com o meu consentimento
e me olhando nos olhos

acho que ganhei o tempo
de lá pra cá ele tem sido bom comigo
dizem que ando até remoçando