sábado, 5 de dezembro de 2009

A coisa

Nauseabunda, caminho pela calçada vazia
Já não sei se sou tocada pelo vazio de fora ou apenas ecoa o de dentro
Tudo se mistura
Tudo é uma coisa só
Apenas vazio
Nada
Vácuo
Abismo
Seria mais fácil o não-ser.

Quem é essa que vê
Percebe e se faz perceber
Por algo que chama de si mesmo
O que é isso que caminha
E perscruta a existência e o próprio caminhar?

“Então sobe-me a náusea”
Este sabor acre me toma a boca e o que sou
Ou penso ser
Já não sei se sou tocada pelo vazio de fora ou apenas ecoa o de dentro.

Gárgula Vergel

2 comentários:

  1. É incrível como o vazio pode trazer beleza a um texto!
    Ele está no mundo, Gárgula.
    O mundo é apenas vazio.

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  2. Gárgula ainda vive. Achei que tivesse sido tragada pelo niilismo. Talvez pudesse estar curada de si mesma. Mas está aí; a mesma ainda com algumas rugas a mais e o mesmo vazio.

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